domingo, 29 de novembro de 2009

Buscas na WEB – guia de sobrevivência



Saber onde encontrar as informações necessárias para a construção de um bom texto é essencial para um jornalista. Desde os primeiros anos da faculdade os estudantes são orientados a manterem suas agendas de fontes sempre atualizadas e, com o tempo, a classificar essas fontes não somente pelo tipo de informação que fornecem, mas também por seu grau de confiabilidade – uma espécie de termômetro da verdade. Assim, conhecem os diversos tipos de fontes e aprendem que quanto mais confiável ela for, menores serão os erros que o jornalista cometerá. Mesmo com fontes fidedignas, um bom jornalismo pede que todas as informações sejam checadas para aí, sim, o jornalista avançar em suas pesquisas, cruzar dados e finalmente partir para a finalização de sua matéria.

E é claro que as ferramentas de busca disponíveis na Web são importantes para o profissional de comunicação. Mas este deve mantendo ativas as tradicionais ferramentas de produção da informação, como o contato com as fontes, trocas de informações com colegas, visitas a eventos onde se reúnem profissionais de diversas áreas, observação e análise dos debates que ocorrem na sociedade e, principalmente, a checagem da informação publicada por terceiros. O jornalista não deve se limitar aos conteúdos listados na Web, portanto.

Para verificar a eficiência e idoneidade dos sites de buscas na Internet, esta semana me dediquei a analisar a resposta de oito sistemas indicados pelos organizadores do curso Jornalismo 2.0 para o termo “crise na Imprensa”. Os sites pesquisados foram: Google, Yahoo!, DeepDyve, Radar Uol, Clusty, Bing, Ask.com e DogPile. O exercício foi uma boa oportunidade para demonstrar que, antes de tudo, o jornalista precisa de critérios para selecionar a informação, sendo as buscas feitas ou não pela Web, pois não podemos aceitar tudo que nos aparece aleatoriamente - existe muito material ruim publicado na Web, assim como existem fontes mentirosas e péssimos livros sendo vendidos em livrarias. Um bom princípio é aguçar o senso critico lendo muito, municiando-se de informações das mais diversas que o deixem apto a fazer uma triagem do que foi recolhido.

Vamos à análise geral dos resultados:

De cara o primeiro resultado da pesquisa foi preocupante: caí no InForum, que se diz o site do estudante brasileiro. Tomara que não. Além de muita propaganda de instituições de ensino, dei de cara com a universitária “Nadira”, que buscava um trabalho pronto sobre Crise na imprensa, para entregar rapidinho na faculdade. Pela pressa da moça, se seu pedido fosse imediatamente atendido, ela não teria tempo sequer de ler o conteúdo postado. Imprimiria do jeito que estava, assinaria e o entregaria para o pobre do professor. E é dura a vida de um professor quando, depois de receber um trabalho assim, percebe o “copia e cola”...

Já o segundo link, do Pedro Doria, jornalista e fellow na Universidade de Stanford, é interessantíssimos. Pena que a estudante desesperada por um texto fácil provavelmente não tenha tido a oportunidade de visitá-lo, pois as informações que ele disponibiliza com certeza a ajudariam a refletir sobre o assunto e a compor um texto nota 10. Os links oferecidos agregam informações importantes e o post tem conteúdo, faz a gente pensar. A partir desta visita, tornei-me seguidora do moço no Twitter.

O terceiro link abre o Uol noticias: Organização alerta para crise na imprensa dos EUA e um post sobre a reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), na qual os assuntos principais foram um pedido de ajuda para a midia americana. Muita informação numa coisa só. Tive que ouvir várias vezes a noticia para perceber quantos gatos tinha naquele balaio. O terceiro link levou-me ao blog da professora Ana Soares e da jornalista Barbara wog e uma reflexão sobre o possível fim das publicações impressas. O debate inicial parecia que ia fluir, mas ficou no superficial. Segui em frente, buscando algo mais substancioso, e encontrei no em dia news um artigo que melhorou “o prato do dia”.

O artigo, intitulado “A crise na imprensa transforma os EUA num laboratório da mídia” e, além de informações interessantes sobre o tema nos EUA, deixa claro que lá eles estão tentando “achar saídas para a crise na imprensa por meio de um debate horizontal e transparente, enquanto aqui nós jornalistas, leitores e empresários da comunicação continuamos ignorando o público e esperando soluções milagrosas que venham de Brasília”. Tem razão.

As buscas se sucediam e em pouco se diferenciavam. Mais substância encontrei na pesquisa feita pelo Yahoo, e Radar Uol e Bong com vários artigos postados no site do Observatório de Imprensa, notório por conter reflexões que realmente acrescentam. Os textos, cada um de sua forma, acrescentam, mas com abordagens diferentes sobre o assunto.

Penso nos mecanismos de busca na Web como parceiros. E assim como nas parcerias que estabelecemos com nossos amigos, cônjuges, alunos, professores, colegas de trabalho, a base de tudo esta na confiança, na regra básica de que nenhuma das partes faltará com a verdade. E, creio eu, que a confiança que depositamos em parceiros é como um cristal: quando se quebra, tornar-se de difícil recuperação ou ao menos fica uma mácula, uma dúvida de difícil remoção. Melhor então, preparar-se para saber distinguir o trigo, porque de joio a Internet esta cheia...

domingo, 22 de novembro de 2009

FeedDamon ou Gooogle Reader:agregar sem complicar


Estou na segunda semana do curso Jornalismo 2.0 do Knight Center for Journalism in the Américas. Foi uma semana de muitas descobertas. Algumas difíceis, sobre as quais um dia, quando já estiver com tudo digerido, comento. Outras, bem mais prazeirosas, só reforçaram minha resolução de buscar um aperfeiçoamento profissional.

A decisão de abrir meu blog pessoal confirmou-se como acertada e fiquei feliz com a receptividade do primeiro texto. A missão que me foi dada esta semana, no entanto, foi mais trabalhosa: escolher um leitor de RSS e avalia-lo, comparando-o com o Google Reader. Vamos lá então:

Jornalistas precisam captar dados e informações de forma rápida e fácil para cumprir a (muitas vezes) árdua tarefa de levar até o leitor informações que sejam, ao mesmo tempo, exatas (para não enganar o leitor); claras (para que ele entenda o que lê) e concisas (para não desperdiçar nem o tempo do leitor nem o espaço da publicação).

Pois bem. A questão é que na hipermodernidade, o excesso de informação torna a tal tarefa de “separar o joio do trigo”, ainda mais difícil. É tanta informação sendo lançada na Web que muitas vezes nem conseguimos acessar e distinguir o que vale e o que não vale a pena ler e usar.

Mas existe uma luz no fim do túnel: são os leitores de Feeds ou agregadores de informação. Com eles é possível ler qualquer tipo de notícia ou informação em um único lugar, sem ter que gastar horas clicando em links e abrindo página até chegar aos sites e blogs que realmente interessam. A tecnologia RSS permite a quem navega pela Internet se inscrever nas páginas que fornecem “feeds” de notícias e informação.

Escolhi o FeedDemon como agregador de feeds offline e fiquei satisfeita ao ver que ele agora é gratuito. Numa avaliação preliminar, avaliei como negativo o design (carregado) e o fato de só ter versão em inglês. Mas os pontos positivos pesaram mais: ele vem com canais pré-configurados, mas você pode acrescentar mais, acrescentando tags nos feeds e ordenando-os por importância, o que ajuda nas buscas por outros serviços.

Bom também foi perceber que ele é compatível com o Twitter e que carrega, numa pasta, todos os contatos. Além disso, interage perfeitamente com o Google Reader. Assim, se no futuro eu mudar de idéia, posso “carregar” tudo para o Google Reader, que também testei rapidamente hoje e gostei, de cara, principalmente da interface. Como tenho conta no Gmail, tudo bem, já que se trata de um leitor online, isto é, não ocupa nenhum espaço. O fato de ser em português ajuda e ainda existe a possibilidade de compartilhamento. Tudo bem até aí, só que achei poucas as opções de configuração de exibição, talvez por ter testado antes o FeedDemon, que neste quesito é muito bom.

Oh duvida cruel! Sinceramente ainda não me decidi. Preciso de mais tempo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Morte aos dinossauros!

Minha corrida diária por renovação acelerou-se nos últimos dias quando me olhei no espelho e descobri que, se não fizesse alguma coisa, em breve me transformaria em um fóssil. Não são as rugas e os quilos a mais que me preocupam, no entanto.

Há tempos venho observando meus alunos e percebi que o que está me fazendo envelhecer não é a falta de renovação celular, mas a falta de oxigenação que impera na Academia, a resistência às mudanças nos paradigmas.

O mundo mudou e, com ele, a Academia também deveria ter mudado, já que a rotina e a vida escolar foram definitivamente afetadas pelo surgimento de novas modalidades de produção e difusão de conhecimentos.

Todos os componentes do ambiente escolar mudaram e essa mudança se refletiu na sala de aula, que não é mais o único espaço de interação entre o professor e o aluno – e só não se apercebeu disso quem mantêm uma visão e postura jurássicas.

A facilitação do acesso a novas formas de informação, o compartilhamento de conhecimentos e a produção colaborativa de novos saberes abriu novas possibilidades educacionais que não se resumem a adotar metodologias instrucionistas como usar um Datashow para eliminar o retroprojetor.

Não se pode generalizar a análise, claro, pois existem docentes e instituições que, preocupados as mudanças no perfil de aluno e as transformações que a comunicação sofreu nas últimas décadas, buscam acompanhar esse novo cenário, mesmo sendo ele complexo e dinâmico.

A Internet surgiu nos anos 60 no contexto da Guerra Fria, mas o aparecimento da Web, só ocorreu anos depois, quando o acesso a rede ampliou-se e foi possível o compartilhamento e fluxo contínuo de informações. Hoje aproximadamente 2 bilhões de pessoas estão conectadas à rede. Mas sua evolução não parou por aí.

A digitalização de conteúdos antes restritos aos suportes físicos, a descentralização de arquivos e bases de dados e a expansão das redes telemáticas provocaram mudanças sensíveis nas formas de comunicabilidade e de socialização humanas.

A mais recente é a Web 2.0, termo inicialmente conceitualizado por Tim O'Reilly. Ele a define como um meio colaborativo de descentralização e disseminação seletiva de informação onde o usuário, por meio de plataformas abertas, é também o construtor de conteúdos.

E o grande diferencial da Web 2.0 é justamente esse: mais poder para o usuário. Ele agora é peça-chave na geração de conteúdos, podendo modificar as informações geradas por outros usuários, classifica-las como quiser, interagir com interfaces mais inteligentes sem ter que dominar a linguagem de especialistas. Ou seja, a Web 2.0 tornou tudo mais acessível ao público em geral e de forma quase instantânea.

Outro diferencial importante, segundo O’Reillly, está em encarar a Internet não como mais um programa, e sim como algo sujeito a alterações, um ambiente onde o usuário não acessa dados simplesmente, mas pode criar e editar conteúdos, aproveitando-se da inteligência coletiva - permitindo que usuários colaborem na construção e no desenvolvimento de produtos, serviços e conteúdo.

Exemplos não faltam: o Google faz sucesso por oferecer um serviço capaz de localizar na imensidão dos sites da internet as informações para o internauta e hoje a empresa oferec, entre outros produtos, serviço de e-mail e softwares online.

A Wikipédia, uma enciclopédia multilíngue online livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias, inicialmente rejeitada como referência pela Academia, vem aumentando sua popularidade e avançando em confiabilidade, ainda que ainda gere alguma desconfiança: "a ajuda dos leitores é complicada no momento atual porque ele ainda não se deu conta da responsabilidade que tem e nem da complexidade do trato com esta coisa chamada informação", lembra o professor de Jornalismo Online e Processos Multimídia, Carlos Castilho.

Quanto aos Blogs, estes estão, aos poucos, entrando no cotidiano das universidades. Alunos e professores ja aderiram à sua estrutura, que permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou "posts", podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog. O engajamento é lento, mas recebe a cada dia adesões significativas.

O professor de comunicação e historiador José Salvador Faro usou o seu blog para relatar o que está vendo em outra vertente da Web 2.0: o Twitter, uma rede social que permite aos usuários que enviem e leiam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, Ele tem 346 seguidores no twitter, a maioria formada por alunos e confesa que no início tinha muitas restrições, mas que sua percepção sobre isso mudou bastante. "Primeiro em razão da amplificação de informações mobilizadoras que encontram na plataforma das micropostagens um instrumento tão dinâmico quanto democrático". O segundo motivo, diz ele, está no conteúdo das postagens, que registram um outro conjunto de experiências culturais que envolvem os alunos e que "tem me ensinado muito sobre o universo das pulsões intelectuais dos meus seguidores. Tenho sido surpreendido não só com a sua diversidade, mas também com a sua riqueza".

As possibilidades que a WE 2.0 apresenta estão se abrindo para mim e me ajudando a aprender o mundo da chamada "Geração Y". E, pelo visto, eu não sou a única na Academia que está em busca de "reposição hormonal", felizmente.